Gregory Hellot, diretor editorial da Kurokawa, orgulhoso por anunciar os desenhos, que segundo ele ficarão muito bons em seu escritório!Foto de Guillaume Boutet |
O Japan Expo na França continua a nos surpreender com boas informações. Em 07 de junho o evento contotu com uma conferência com Shiori Teshirogi, co-autora de The Lost Canvas.
Um relato do que rolou foi feito por Guillaume Boutet e publicado no site ActuaDB. O pessoal do blog Taizen Saint Seiya traduziu e disponibilizou. O texto traduzido foi divulgado também no CDZ Fórum.
No texto Shiori revela coisas interessantes como a autorização do mestre Kurumada para a criação de personagens, e o fato da obra, que inicialmente começou como uma "sombra" de ND ter tido a liberdade de crescer e se tornar uma das melhores sagas de CDZ depois do clássico.
Segue o texto.
Nesta ocasião, pediram que ela desenhasse um Cavaleiro de bronze de Galo (símbolo da França), um pedido difícil de atender já que Kurumada teria de validar antes e isso levaria mais de uma semana, mas ela desenhou ao vivo Sasha e Degel de Aquário, em homenagem à França.
Enquanto fazia os dois desenhos ao vivo, Shiori Teshirogi respondia perguntas dos fãs na plateia. O desenho de Degel foi dedicado à França, mesmo país do personagem. Ela mencionou ter ficado surpresa com a popularidade de sua obra naquele país, já que antes mesmo de sua primeira visita à Japan Expo 2013 já recebia cartas de fãs franceses. Os desenhos feitos no palco enfeitarão o escritório do editor chefe da Kurukowa, Gregoire Hellot.
Não foram permitidas fotos de Teshirogi, pois ela não gostou nada das montagens que fizeram com sua imagem desde sua última visita à França.
Continuando com as respostas aos fãs, ela contou que melhorou sua narrativa quando o LC mudou para o formato mensal, podendo pensar mais sobre cada história dos Gaiden, que continham uma história completa por volume. Ela revelou que não era difícil desenhar os personagens, mas sofria para fazer Albafika de Peixes. Ela nem sempre ficava satisfeita ao expressar a beleza extraordinária que o personagem demandava.
Ela contou que, quando criança, seus Cavaleiros de Ouro preferidos eram Camus e Saga, cujas lutas contra Hyoga e Seiya a marcaram muito, mas com o tempo ela acabou se apegando mais ao Dohko. Já que o assunto era Cavaleiros de Ouro, ao perguntarem sobre a semelhança física com os personagens da obra original de Kurumada, ela comentou que foi uma escolha tomada conforme o conselho de seu primeiro editor, pois assim conquistaria mais fãs no início complicado do mangá. No final foi a escolha tomada, até porque ela ainda não se sentia capaz de fazer algo mais interessante.
Ainda respondendo sobre suas inspirações, Shiori Teshirogi confirma que a ideia para o personagem Alone e seu desenho veio de Kurumada. Até metade da série, Kurumada validava suas ideias e storyboards, mas depois ele lhe deu total liberdade, dizendo "pequena Teshirogi desabrochou muito bem". O rumo que ela deu para Alone foi um dos exemplos disso.
Sobre o anime, ela se diz estar na mesma posição dos fãs. Não sabe de nada sobre uma terceira temporada, apenas tendo esperanças. Ela revela que chegou a dar uma lista de seus dubladores preferidos para os personagens, mas eram todos antigos e impossíveis de participarem, mas confessou ter ficado feliz por conseguir que Ryusei Nakao, dublador do Freeza de Dragon Ball Z (que também intepretou Isaac de Kraken e Christ do Cruzeiro do Sul no anime clássico) interpretasse Icelus, um dos deuses do sonho.
Perguntaram se ela permitiria um musical do LC, o que ela disse não ter problemas, embora não espere mesmo por isso.
Sobre sua carreira, ela não revelou nada sobre seus futuros projetos, embora esteja desenvolvendo algo com seu atual editor e que abordaria temas muito próximos do seu coração. Ela revelou que antes de conhecer Saint Seiya, ela admirava as obras de Rumiko Takahashi (conhecida por obras como Maison Ikkoku e Ranma 1/2, entre outros). Ela contou que se tornou uma profissional em 1997, com um concurso da Enix, o mesmo em que participou Hiromu Arakawa (autor de Fullmetal Alchemist), onde ela começou como assistente. Em 2003, ela foi para a Akita Shoten, onde produziu um mangá de 2 volumes chamado Kieli, que mudou sua carreira. Foi esse mangá que ela deu para Kurumada numa sessão de autógrafos onde o conheceu pessoalmente. Ela recontou a história de como contou a ele que era sua muito grata a ele, pois foi sua inspiração para ser uma mangaka. Tempos depois, Kurumada lembrou dela ao discutir sobre o projeto do The Lost Canvas da Akita Shoten, e que ele mesmo telefonou para ela e fez o convite. Ela revelou ainda que provavelmente teria trabalhado em outra série de Final Fantasy VII, sobre o grupo de resistência Avalanche, se não tivesse deixado a Square-Enix.
Voltando às perguntas sobre a criação de The Lost Canvas, Teshirogi comenta da enorme pressão que sentia no começo. Já existia o "Episode G", de Megumu Okada, que ela achava extraordinário, e ainda havia o Next Dimension de Kurumada paralelo à sua obra. A obsessão com as comparações a atormentavam. No começo, o Lost Canvas foi feito apenas como um flashback sobre Tenma e Alone, mas junto com seu editor ela resolveu que queria surpreender os leitores, então decidiu desenvolver o arco da batalha do Cavaleiro de Ouro de Peixes, que ninguém esperava. A partir daí, a obra deu uma reviravolta e passou de um simples "flashback" para uma saga épica. Mesmo assim, o roteiro foi se desenvolvendo ainda respeitando as ideias originais.
Sobre Mephistophelis, ela comenta que também quis surpreender os leitores com um plot twist inesperado. O conceito original era de "que flutuasse acima da história", então utilizou a lenda do deus Kairós, irmão de Cronos, que ela descobriu em suas pesquisas e achou que combinava.
Com os Gaiden, Shiori propôs histórias que evitassem repetição do formato anterior e quis fazer uma história por volume. Ela acabou fazendo uma grande pesquisa multicultural que lhe proporcionou uma incrível variedade de aventuras. Porém, as histórias dos Gaiden eram baseadas nos relacionamentos entre os personagens e a ideia de um inimigo interior. Ela sabia que quanto mais diversidade houvesse nos Gaiden, mais ideias teria de ter para os Espectros de Hades. Ela chegou a inserir os Berserkers de Ares, para a supresa dos leitores, mas foi mais um momento "fangirl" por Ares, mantendo um limite. Ela tinha em mente que só Masami Kurumada poderia fazer uma verdadeira história sobre Ares.
Ao falar sobre Peixes e Câncer, a mangaka disse que com o Peixes ela queria surpreender, e que ela sempre gostou do Death Mask, por isso queria encontrar alguma classe e mostrar o quão "robusto" Câncer poderia ser. Foi mais fácil sentir como um personagem que vivia para si mesmo. Ainda falando sobre personagens que surpreenderam os leitores, ela mencionou sobre Kardia de Escorpião que impressionava pela dualidade de sua personalidade, entre despreocupado e feroz. Ao combiná-lo com Sasha no Gaiden, ela rompia com a imagem de "guerreiro e nada mais" que ele tinha na série principal.
Ao perguntarem se Minos e Rhadamanthys eram os mesmos do mangá original, Shiori Teshirogi preferia deixar a dúvida no ar, sem fixar nada, embora ela prefira pensar neles como personagens diferentes do original. Ela também reconheceu que sua Pandora é bem diferente da personagem do mangá clássico. No processo de evoluir a personagem, ela quis fazê-la mais feminina, o ela imagina ser a razão da popularidade da personagem. Ao explicar a diferença entre a Saori de Kurumada e sua Sasha, ela explica que a primeira foi criada como uma garota de boa família e que sua educação a levava a agir com nobreza em todas as circunstâncias, enquanto que sua personagem vinha da pobreza, era insegura de si e que vivia constantemente presa ao seu papel. Quanto às características diferentes dos Cavaleiros de Ouro, não houve nenhuma reflexão em especial, eram apenas suas visões pessoais que surgiam naturalmente.
Shiori contou que ao final da série principal, com seus 25 volumes e 5 anos de muito trabalho, ela se sentiu completamente vazia e não sabia o que fazer pelo resto da vida. Disse ainda que se arrependia de duas coisas: que ao desenhar a história de Yuzuriha e seu irmão, o seu gato, Mao, derrubou tinta em seus desenhos enquanto andava pelo escritório, obrigando-a a refazer tudo completamente; e se arrependia de não ter feito Tenma intervir mais em sua própria história, mesmo sendo o herói.
Para finalizar, ela teceu vários elogios à Chimaki Kuori e seus desenhos, co-autora de Saintia Sho, confessando estar aliviada de ver que ela poderia passar a tocha para ela, que o universo de Saint Seiya que ela tanto ama continuaria. Elas se deram muito bem.
A última pergunta foi sobre qual seu mangá preferido no momento. Ela respondeu que estava cativada por "Kujira no Kora wa Sajou ni Utau".
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